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terça-feira, 13 de agosto de 2013

EDUCAÇÃO FINANCEIRA


EDUCAÇÃO FINANCEIRA


Em nossa sociedade consumista, por natureza, há a necessidade, cada vez mais premente, de que o setor educacional se preocupe em formar os seus clientes (alunos) na arte da administração de suas finanças pessoais.
É cada vez maior o número de pessoas que gastam mais, e muito mais, do que ganham.

Abordaremos em uma série de artigos, alguns tópicos fundamentais, a nosso ver, para um desenvolvimento financeiro da nossa população, principalmente aquela que está nos bancos escolares, em qualquer um dos seus níveis

No próximo artigo, algumas causas desta desinformação financeira, na família e na escola.

Curitiba, 30/Nov/09
Prof. BELLIO (Antonio Carlos Bellio)


EDUCAÇÃO FINANCEIRA na Família

 É a família, a célula básica da sociedade, a primeira formadora de nossos princípios, convicções e hábitos que levaremos pela vida a fora. E a Educação Financeira é uma que deve ser aprendida, inicialmente, neste ambiente básico do nosso convívio social.
Historicamente pela nossa colonização, fomos influenciados diretamente pelo Cristianismo (Igreja Católica Apostólica Romana), que tem sobre o dinheiro a visão que pode ser dita com as palavras de Jacques Attali (economista francês e um escritor sobre diversos temas, incluíndo sociologia e economia mas também romances, biografias e até mesmo livros infantis. Destacou-se também por ter sido conselheiro do presidente francês François Mitterrand, com apenas 27 anos).

Do judaísmo ao cristianismo

Jacques Attali argumenta em “Les Juifs, le Monde et l´Argent” que com a chegada de Jesus Cristo e o posterior desenvolvimento do cristianismo há uma revolução na atitude perante o dinheiro. Esta clivagem tem muito a ver com a mesma clivagem existente dentro do judaísmo ao tempo de Jesus entra Saduceus (judeus estabelecidos, conservadores) e Fariseus e Essênios (com uma atitude mais revolucionária, igualitária, ascética).
Se, para o judaísmo, possuir o dinheiro é uma forma de estar em posição de evitar a violência e de resolver possíveis problemas futuros, já para a nova religião nascente, o dinheiro é algo de sujo e problemático (a mesma atitude de algumas das facções do judaísmo mencionadas).

Nas palavras de Attali:
“Paralelamente aprofundam-se as diferenças entre as duas doutrinas económicas. Quer no Judaísmo como no Cristianismo acredita-se nas virtudes da caridade, da justiça e das ofertas. Mas para os Judeus, é desejável ser rico, enquanto que para os Cristãos é recomendado ser-se pobre. Para uns, (os Judeus) a riqueza é um meio para melhor servir Deus; para os outros, (os Cristãos) ele impossibilita a salvação. Para uns, o dinheiro pode ser um instrumento do bem; para os outros os seus efeitos são sempre desastrosos. Para uns, qualquer pessoa pode gozar do dinheiro bem ganho; para os outros ele queima-lhe os dedos. Para uns, morrer rico é uma bênção, desde que o dinheiro tenha sido adquirido moralmente e que se tenha cumprido com todos os deveres para com os pobres da comunidade; para os outros, morrer pobre é uma condição necessária da salvação. ...”

Necessário se faz, que as famílias comecem o mais cedo possível, a orientar os seus filhos sobre a utilização do dinheiro. Criar hábitos de poupar, em casa, tais como os de não desperdiçar luz, água, comida, entre outros, que se incorporarão aos nossos hábitos e que nos ajudarão no trato com o dinheiro, futuramente.
Quando das compras, com os filhos, devemos mostrar a eles a real necessidade de comprar e fazer pesquisa de preços para que os pequenos comecem a valorizar as diferenças que poderão servir em outras ocasiões para a aquisição de outros bens necessários e com isto criar o hábito do poupar e não só gastar.

“Comprar só pelo gosto de comprar” pode levar a que muitas famílias tenham seu orçamento desequilibrado (gastam mais que ganham) e com isto criam uma série de problemas, inclusive a desestruturação da mesma. E sabemos muito bem as consequências de famílias desestruturadas: drogas, marginalidade, etc.
No próximo artigo, abordaremos a Educação Financeira na escola brasileira.

Incluiremos a partir deste artigo algumas referências bibliográficas como complemento.

a)    TERAPIA FINANCEIRA – autor: Reinoldo Domingos – Editora Gente;

b)    GUIA PRÁTICO PARA CUIDAR DO SEU ORÇAMENTO – autor: Louis Frankenberg – Editora Campus. 

Curitiba, 30/jan/10

Prof. BELLIO (Antonio Carlos Bellio)



EDUCAÇÃO FINANCEIRA na Escola

 
É a escola, depois da família, a célula básica da sociedade, onde as crianças e jovens devem moldar seu caráter, sua conduta e suas aptidões para serem desenvolvidas e exercitadas em prol da sociedade.

E a Educação Financeira também deveria ser aprendida, quando não é iniciada na família, na escola. Este aprendizado deveria começar no 1º. grau e se estender pelo  2º.grau, obrigatoriamente. O que se observa no país, como decorrência também do que já abordamos no artigo anterior, há uma omissão desta responsabilidade por parte deste segmento importante da sociedade.

Historicamente a escola brasileira, fruto da influência européia e dominada pela Igreja Católica Apostólica Romana, esteve sempre bastante distante da realidade da sociedade e consequentemente bastante alienada na sua missão de formar e informar os seus alunos. Na educação financeira a omissão é quase que total.

É necessário que os governos se atentem quanto a isto, para evitarmos que tenhamos uma sociedade somente consumista, sem os princípios mínimos de educação financeira para a vida, evitando uma série de contratempos que se tem observado no dia-a-dia das pessoas.
 
E dizer que o nosso crédito, em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) do país não chega a 50%. Em patamares mundiais, este percentual beira de 80% a 120% na maioria das economias estáveis. Os Estados Unidos da América, às vésperas da crise de 2008 chegaram ao percentual de 200% de crédito em relação ao PIB do país (24 trilhões de dólares em crédito) e vimos o resultado desastroso de tal endividamento.

Outro detalhe que deve ser destacado, é que de 2004 a 2008 com o crescimento da economia brasileira em percentuais mais significativos que o das últimas décadas, a classe que mais se endividou, pode-se afirmar, sem sombra de dúvida foi a classe C ou a classe média baixa, aquela que tem um salário básico em torno de R$ 1.100,00. Esta foi a mais favorecida pelo crescimento e as pessoas desta classe, como de outras, não tem uma verdadeira noção de como administrar as suas receitas e as suas despesas, gerando um passivo mensal que cresce periodicamente.

Este passivo normalmente é suprido com a utilização do Cheque Especial Bancário que cobra as absurdas taxas de juros em torno de 150% ao ano (7,93% ao mês) ou com o Crédito Rotativo do Cartão de Crédito que cobra anualmente de 289% a 434% ao ano (de 11,99% ao mês a 14,99% ao mês). Também pode-se citar financeiras que cobram em empréstimos pessoais taxas anuais que vão de 289% a 628% ao ano (12% ao mês a 18% ao mês).

Com uma economia mais estabilizada e com taxas anuais de inflação em torno de 4,50% ao ano, fica cada vez mais difícil o pagamento dessas taxas citadas, e que são corriqueiras atualmente no mercado financeiro brasileiro. Isto contribui significativamente para o desequilíbrio de qualquer orçamento pessoal ou doméstico.
Uma primeira notícia alvissareira, se é que se pode chegar a tanto, é a notícia do Estadão de São Paulo, na sua edição de 16/12/2009 e com reportagem de Mônica Ciarelli que diz:

“A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Ministério da Educação (MEC) esperam alcançar 1.650 escolas de ensino médio em 2010 com o programa de educação financeira desenvolvido pelo governo. Além de ações voltadas para crianças e adolescentes, o governo quer melhorar também o conhecimento da população brasileira adulta. Esse trabalho ficará a cargo do Banco Central e tem como ponto de partida um treinamento com representantes das Forças Armadas”.
Que este seja um primeiro passo de uma série, para deixar o nosso povo cada vez mais consciente. É esperar para ver.
No próximo artigo, abordaremos algumas dicas que ajudem a organização das finanças das pessoas físicas com a elaboração de um Fluxo de Caixa Diário das Finanças Pessoais.

Mais duas referências bibliográficas:

c)    GESTÃO EM FINANÇAS PESSOAIS – autor: Eduardo D. Silva – Editora Qualitymark;

d)    GUIA DE FINANÇAS PESSOAIS – autora: Mara Luquet Frankenberg – Valor Econômico - Editora Globo. 

Curitiba, 01/mar/10

Prof. BELLIO (Antonio Carlos Bellio)

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